sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Ratomando a essência


Quis a lira, e agora fiquei clara.
Anunciei tantas músicas, mas hoje é certo que vou chorar.
Lapidei um sopro que no mais tarde será cinza.
Aqui ou mais distante verbalizo tudo o que queria fazer,
e nos olhos inúmeras paisagens...
Dizem que a vida é grata por aqui, ingrato mesmo é só o destino
Nele ninguém toca, nem lira, nem pranto

Mais além, ainda do que se dizem do céu, paraíso em descanso
Ressalto a terra, vida minha: aberto(s)onhos aos quais me entreguei.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Senhora Acerola



Estou indo embora acre senhora
Estou de passagem, e agora vim me despedir
Não peço nada, porque pouco pude lhe oferecer
Apenas é a hora da tarde, é hora de dizer até breve
Vinde flores, frutos e folhas que a mim ofertara
Salvo agradecimento o carinho de árvore.
Se tudo aqui é velho, afirmo-te mais velho é meu coração
Mas diga-me, o que faz de ti tão senhora?
__ É certo, sou planta raiz da terra, e tu o que fizeste de tua seiva?

Secara em espinhos de amor conduzidos ao caminho da morte.

O mosaico da dor

Eram restos, eram cerâmicas, cisterna de casa velha.
Aterrada,  baixa e sombria.
Tornara-se mesa de cacos, num mosaico da dor
Era hora, um traço de fala
Era tarde, um banho de lágrimas.
Lavei o meu coração.

Colei a alma, acertei pedaços, busquei flores.
E por maior que seja o meu sofrimento
é inconcebível  ter e amar(dor).

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

lírica de passarinhos

Passarinhos, cantam presos e lívidos de amor.
Homenagem da vida que agora disputa liberdade
Líbero não é melhor que lírico!
Canta o passarinho, a fêmea aprova
Larga gaiola, o amor brilha mais que sol
Varas de taboca, o amor é maior que a liberdade.

Se pensas que cantando sofro, ledo engano
Aqui aprisionado canto de amor minha alma companhia

__Quereis partir? Saliento uma última vez.
Nada é supremo lá fora, aqui preso o amor é tudo!

Um anjo reciclado

Faz um bom tempo que ando por aqui.
Recomendo alguns caminhos,
presencio sons e ajudo quando posso,

e quando não é possível, começo a rezar
Minhas forças se fazem poucas, garanto-me em Deus
e ainda doente sou capaz de proteger.

Embreve data  fazer-se-ão décadas 
que descolaram minhas asas...
Aos poucos chegados dou-me de amor 

Desaprovo injustiça, e aos que não conheço

sei a hora de zelar, serenamente e só.
Aceitando minha sorte em lágrimas de vidro
Da luz vivo perto, eis-me anjo reciclado

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A vaidosa rosa


Abre-se em pétalas a rosa vaidosa
Durante  a minha ausência
 é sempre plena aos passantes
Vejo-te de longe, toco-lhe serenamente, pois sei
Da tamanha fragilidade
que em si encerra a vida
Dadivosa, a roseira branca
reserva-se em gotas
Solta-me a esperança,
ver-te em sol sem ser só

Finda-me a seiva imaginar que todos podem, exceto eu
Que tanto carinho cultivei, em ver esplendorosa rosa...
Ao largo, levo-te em sonhos de terra...
A mesma terra que um dia pisei com o meu amor.

domingo, 26 de dezembro de 2010

O último suspiro




Sopros

Suspiro, o último  suspiro
Reflito um pouco mais, sugiro
Ar, rarefeito assunto perfeito
Respiro e aspiro por mim
Aspiro e respiro por outros.

Sonhos que já deixei de ter
Parafina; cheiro de velas
Véu; perfume de noiva
Igreja; barulho de gente.




 Choro.
 O vento em sopros vem dizer:
_És morta, volte ao templo!
Desped(ida) ao doce da v(ida)
Suspiro o último suspiro.