domingo, 10 de abril de 2011

A síncope das horas

Hoje, apenas hoje, serei breve.
Ontem tarde que nunca veio, avistei a esperança
Mas com o amanhã veio a desilusão...
Ah... achei que ainda dava tempo de ser feliz.


Agora, apenas agora, sei o valor
De todos os dias que não voltaram
No entanto pude reafirmar um pouco de vida
A tentativa de estender a mão ao amor.


Deixo as rosas,
as árvores,
as brilhantes águas
e a poucas folhas
que outrora eu recolhi.
Não fiz fortunas,
tão menos
constitui uma família
Guardo um baú
de inesgotáveis palavras.


Poderás usar a sua preferida,
sim qualquer uma
Delas não faço segredo,
ofereço-as como dádiva.
Uma  a uma,
a ave palavra  livre(mente).

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Porque era um dia de sol

Domada a pele ao sopro do vento, beijo sutil.

Inclinada ao sopro do vento, mais um beijo da face 
ao alvo da boca
Fora doce, leve, mas um beijo... Suavemente um beijo
Não precisava horas, tão menos constatação
era mesmo um carinho
Ou de tão impressionada um lapso, furtara outro, tão rápido.
Mas ainda gracioso, vento menino por que tocava-me, 
por que beijava-me?

Na ânsia da resposta, reclinava o sol, 
era findo cenário do dia
Ave plena amarelada repousava em mim, quase adormecido
Daí a pouco respondera o vento menino.

Tocar-te sim, beijar-te também,
não somo os convidados ao longo das horas
Escolho o que é dourado, escolho o que é claro
Somatizo o céu revoando a terra, porque era um dia de sol.

domingo, 27 de março de 2011

Uma passagem

Não sei o que faço aqui, já contemplei todas árvores que vi.
Já demarquei todas as cores que as flores podem ter, e agora?
Vou ficar para ouvir indagações, coisas que eu não sei o motivo,
situações que eu não escolhi, não sou culpada, juro, não sou...
Eu só quis... só quis aquilo que todo mundo quer, a felicidade.
Mas feliz de verdade são as plantas, e tudo que agrada o verde,
e o resto, aos meus olhos, não passa de ilusão.
Eis a minha hora, eis minha ida... Mas quero agradecer a cada flor que vi.
Mas é certo não quero desfigurar o que foi feito para mim,
sou isso mesmo uma rima sem verso, uma moça sem esperança.

Eis a minha sina, eis minha partida... Mas quero recolher cada folha que toquei
Mas é certo não quero alterar o que foi feito para mim,
sou isso mesmo um polém perdido, um jardim sem dono...

Mas acreditem eu voltarei em forma de rosa.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

crepuscu(lar)

Eu retirei o sal da terra, fiz para ti a melhor canção
Nada lhe valeu, fora em vão...
Eu disse sim por muito tempo, sempre ouvindo não
Não posso mais dar-lhe palavras.
Tardia noite, amanhecia dia eu lhe dava amor.
E como é de costume, fico sozinha, calada em vazio espaço
Mas sou da luz, mesmo sombria, eu suporto
Tomo água límpida,  volto a florescer.
 Minhas pétalas ainda são sutis...
Chegou o meu sol, é hora de exalar perfume mais uma vez.

Principe(ando) o passado

Vou retornar a varanda, frente da casa
Assim como fazia na infância
vou segurar a minha boneca, quero acreditar de novo
Não foi desta vez, o amor deveria chegar: chegou, mas foi para outra pessoa...
Mas recomeço eu faço tecituras, não irei desistir.
Creio que deve haver um...
Um amor de fitas
Um amor que me carregue
Um amor que me estenda a mão
Um amor de fadas,
portanto se fadas não morrem
Vou principiar o passado até chegar o príncipe presente.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Ratomando a essência


Quis a lira, e agora fiquei clara.
Anunciei tantas músicas, mas hoje é certo que vou chorar.
Lapidei um sopro que no mais tarde será cinza.
Aqui ou mais distante verbalizo tudo o que queria fazer,
e nos olhos inúmeras paisagens...
Dizem que a vida é grata por aqui, ingrato mesmo é só o destino
Nele ninguém toca, nem lira, nem pranto

Mais além, ainda do que se dizem do céu, paraíso em descanso
Ressalto a terra, vida minha: aberto(s)onhos aos quais me entreguei.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Senhora Acerola



Estou indo embora acre senhora
Estou de passagem, e agora vim me despedir
Não peço nada, porque pouco pude lhe oferecer
Apenas é a hora da tarde, é hora de dizer até breve
Vinde flores, frutos e folhas que a mim ofertara
Salvo agradecimento o carinho de árvore.
Se tudo aqui é velho, afirmo-te mais velho é meu coração
Mas diga-me, o que faz de ti tão senhora?
__ É certo, sou planta raiz da terra, e tu o que fizeste de tua seiva?

Secara em espinhos de amor conduzidos ao caminho da morte.