sexta-feira, 6 de maio de 2011

O poço da arraia

Descanso sereno

Raízes lascadas, quedas do tempo

Querendo deslizo solene nos pés

Falo do remanso, consagro o capim
Vou conduzindo pedras, ora coloridas, ora lavadas
Sou destas trevas o canto do passarinho

Sou destes matos o som da corredeira
Sou destas tardes o refresco da meninada


Sou o passo no leito de vida
O fundo do rio, o beliscado do peixe
Sou o poço da arraia.

A casa de bonecas

A casa será revisitada, novas compras
E tudo que era dor  agora é alegria
As lágrimas do engano já passaram
E assim no seu aniversário ela é como eu: sozinha
A casa de bonecas é também casa de amigos
Casa de encantos, sabores e muitas rosas
Novos eucaliptos irão nascer
As folhas irão secar mais
E as pedras não terão lembranças
No continente do fogo serei aquecida
No manto da santa serei protegida
...
A porta está aberta entre
O barro das minhas palavras me guarda tranquila
O doce é servido aos poucos e com carinho.
Aos sinceros o pouso perfumado.

terça-feira, 3 de maio de 2011

o milho de amarrios

Saboroso sol de tarde
Calor de tacho, milho encantado
Aromas de quintal
Fruto amaro
Banho de pato
Cantiga de galinhas
Alvoroço de porco
Qualho em bacia, queijo macio em pedaços
Somos feitos de uma única vontade
O milho de amarrios, o vivo da palha
O calor da brasa e a força da mão.

sábado, 30 de abril de 2011

Diante da luz

Não pedi muito e me veio tanto.
Estou em partes que podem ser um sinal de glória
E a Deus, nosso Senhor devoto meu coração.


Diante das pedras
Diante das águas
Diante da luz
Diante do sol
Diante do mim


Trago rosas para cada lágrima
Levo sorrisos para cada espi nho
Só, levanto meu dom
Como clara,
como alva mensagem de paz
Como lira,
como luz mensagem da natureza.

domingo, 10 de abril de 2011

A síncope das horas

Hoje, apenas hoje, serei breve.
Ontem tarde que nunca veio, avistei a esperança
Mas com o amanhã veio a desilusão...
Ah... achei que ainda dava tempo de ser feliz.


Agora, apenas agora, sei o valor
De todos os dias que não voltaram
No entanto pude reafirmar um pouco de vida
A tentativa de estender a mão ao amor.


Deixo as rosas,
as árvores,
as brilhantes águas
e a poucas folhas
que outrora eu recolhi.
Não fiz fortunas,
tão menos
constitui uma família
Guardo um baú
de inesgotáveis palavras.


Poderás usar a sua preferida,
sim qualquer uma
Delas não faço segredo,
ofereço-as como dádiva.
Uma  a uma,
a ave palavra  livre(mente).

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Porque era um dia de sol

Domada a pele ao sopro do vento, beijo sutil.

Inclinada ao sopro do vento, mais um beijo da face 
ao alvo da boca
Fora doce, leve, mas um beijo... Suavemente um beijo
Não precisava horas, tão menos constatação
era mesmo um carinho
Ou de tão impressionada um lapso, furtara outro, tão rápido.
Mas ainda gracioso, vento menino por que tocava-me, 
por que beijava-me?

Na ânsia da resposta, reclinava o sol, 
era findo cenário do dia
Ave plena amarelada repousava em mim, quase adormecido
Daí a pouco respondera o vento menino.

Tocar-te sim, beijar-te também,
não somo os convidados ao longo das horas
Escolho o que é dourado, escolho o que é claro
Somatizo o céu revoando a terra, porque era um dia de sol.

domingo, 27 de março de 2011

Uma passagem

Não sei o que faço aqui, já contemplei todas árvores que vi.
Já demarquei todas as cores que as flores podem ter, e agora?
Vou ficar para ouvir indagações, coisas que eu não sei o motivo,
situações que eu não escolhi, não sou culpada, juro, não sou...
Eu só quis... só quis aquilo que todo mundo quer, a felicidade.
Mas feliz de verdade são as plantas, e tudo que agrada o verde,
e o resto, aos meus olhos, não passa de ilusão.
Eis a minha hora, eis minha ida... Mas quero agradecer a cada flor que vi.
Mas é certo não quero desfigurar o que foi feito para mim,
sou isso mesmo uma rima sem verso, uma moça sem esperança.

Eis a minha sina, eis minha partida... Mas quero recolher cada folha que toquei
Mas é certo não quero alterar o que foi feito para mim,
sou isso mesmo um polém perdido, um jardim sem dono...

Mas acreditem eu voltarei em forma de rosa.