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Eu sou este tempo velho que mundo não quer mais.
Sou o caminho de pedras, sou a mão marcada e senil
Sou a luz embalada de silêncio, o beco tardio em fim de tarde
Sou irmã das castas janelas que nunca abrem
Sou esse cheiro de mofo que alastra antes das chuvas
Sou as portas esquecidas sem travas
Sou as casas encostadas que escutam mudas
Sou sino que badala sem missa
Sou o olho curioso que vê mas não sabe
Sou a voz precisa que cala mas não entende
Sou a menina da lira que rio já conhece
Sou a moça do verso que a lembrança se perdeu.
Ando assim
Ando pelos ares
Ando aos saltos
Ando aos pulos e pelos cachos
Sou mais pássaro
Sou andorinha
Sou eco
Sou pingos de vida
Meu lamento é o fim do tarde
Minha dádiva é o nascer dia
Cachoeira das Andorinhas - Cidade de Goiás
Líquido ávido sol
Clara bela água
Sol, uma clara água
Água, um ávido líquido
Ser efêmera
é ao certo ser fêmea
é ser sol
é ser água
é ser clara.
Ainda clara minha fina cascata de água
Somava o raio de um sol triste
Sutil comecei a dançar
Eram gotas
Eram risos
Eram lábios
Eram ventos
Caminhava vaga, límpida
Certa vez tocara o céu
Sem muito tempo
Vaporosa e pálida
Voltei a dançar
Eram ventos
Eram lábios
Eram risos
Eram gotas do rio que chora
Eram murmúrios de uma
Cachoeira.
Trilha do Bom Sucesso - Pirenópolis _ Goiás
Abraço de pedra é assim meio sem jeito
Meio sem rumo, pouca leveza
Desatinado, e acima de tudo frio
Calcificado
Abraço de árvore é assim todo aplumado
Completo em chão, firme em essência
Profunda raiz, e abaixo de tudo o fio
Alucinado
Ser pedra é mais que humano
Ser árvore é mais que natural
Tecer fio
Sentir frio
e a fio o amor de todos nós.
Quantas saudades habitam o coração de uma rosa?
Por quantas noites dormiremos distantes,
outrora poderia vê-la
Mas sei do tempo certo,
regar tuas folhas e podar teus galhos
Minha eterna roseira branca, que teimas
Que viva, mas clara
Que brilhe mais lira.
Quero ver a mata e na vasta trilha e dar um salto
Não espalho rimas, sou mais da cor, sou mais da alma
Entre a porta de Bernardo, o escritor goiano, pedras
Pedras raras palavras...
Eis o salto
Eis Corumbá de Goiás
Este é o cerrado riscado pelas águas
Estas são as águas que cantam no meio do salto.