segunda-feira, 20 de janeiro de 2014
Velha árvore esquecida
Das estradas, mais leveza
Das passagens, mais caminhos
Toda quebrada e ainda distante
Toda única e ainda calada
Por tanta terra
Por tanta gente
Por tanta história
Cantaram, passaram por mim palavras esquecidas
Viveram, choraram por mim momentos tristes
Vivia chuva
Brindava dia
Eis me aqui bela e triste
Árvore escolhida
Eis me aqui só e viva
Velha árvore esquecida
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
A fina flor de lira.
Ela invadiu a sombra
Eu caminhei no mato
Lira e flor
Ela ganhou ramagens
Eu encontrei a água
Lira e flor
Eu tomei a mata
Ela refez o dia
Flor e lira
Eu sou palavras
Ela é rima
A fina flor de lira
A fina lira da flor.
A rosa das rosas
A rosa das rosas
surgiu assim
Ainda tímida, florescia
Ainda cálida, parecia
Era manhã, ainda de sono
Quase clara, lívida: acontecia
Uma pétala, sobre outra, uma mágica
De macia cor quis muitos dias
Tomava banho de água cristalina
Chegou sua hora e partiu bonita
Deixou a vida, ganhou a primazia
A rosa das rosas
em candura é efêmera
A rosa das rosas
em amor é eterna.
sábado, 21 de setembro de 2013
Outras cores e sabores da casa
O verde ainda envaidece o quintal
A casa ainda é perfumada
A grama ressecou
Mas as roseiras continuam vistosas.
Sobre o sal, outro aroma: o empadão
Carnes, molho, queijo...
Massa aquecida no fogão de lendas...
De outras estórias
De outras casas
De outros povos
De outras árvores
De outras frutas.
Colônia de Uva - Cidade de Goiás
Ser(errado)
Nesta época
A poeira invade o tempo
E coração das pessoas.
Ser cerrado de sonhos
Ser fechado em seus passos
Em seu passado
Em seu pensamento.
O rosto da vida
A memória do povo
Escondidas no gosto
de mais um agosto
Tão cheia de cinzas
Queimadas de sol.
Árvores retorcidas
No cortante da noite desmaiada.
Ipês vão colorindo o céu
Ser assim
Ser goiano.
Em seu pensamento
Em seu passado
Ser fechado
Ser cerrado.
Cocalzinho de Goiás - Parque Estadual dos Pireneus - GO
segunda-feira, 9 de setembro de 2013
Des(folha)da
Quando fui árvore
Não pude ter folhas
Mas mesmo seca
Estiquei meus galhos
E quis a vida.
Sou assim toda desfeita
De uma beleza deformada
Pela ação do tempo
Cercada de pasto
Alucinada de céus
Quando fui árvore
Não pude ter frutos
Mas... enquanto eu for palavras
Poderei ver sempre o Sol.
Árvore localizada entre Edeia
e Indiara - Goiás
quarta-feira, 29 de maio de 2013
Ares de lírica
Não tenho medo da água
Tenho respeito
Não trago angústia,
nem lágrimas, sei que
a margem é sempre derradeira
Confesso pensamentos,
ondas e muitas espumas
Não prezo pedras
Não partilho mentiras
Sou de um tempo firme
Sou de um tempo da rocha
e por isso tenho um coração
naturalmente intransponível
Queria viver mais como as cachoeiras
Queria ser mais livre do que o rio
mas é assim, a vida é curta
e a palavra é lírica clara.
Cachoeira das Araras - Pirenópolis - Goiás
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