quarta-feira, 29 de maio de 2013

Ares de lírica


 
 
 
 
 
 












Não tenho medo da água
Tenho respeito
Não trago angústia,
nem lágrimas, sei que
 a margem é sempre derradeira
 
Confesso pensamentos,
ondas e muitas espumas
Não prezo pedras
Não partilho mentiras
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sou de um tempo firme
Sou de um tempo da rocha
e por isso tenho um coração
naturalmente intransponível
 
Queria viver mais como as cachoeiras
Queria ser mais livre  do que o rio
mas é assim, a vida é curta
e a palavra é  lírica clara.
 
 
 
 
 
Cachoeira das Araras - Pirenópolis - Goiás

Res(sentimento)

Vou falar baixinho sobre as pedras
Receio que  elas possam escutar...

Tenho medo das pedras,
não por serem estáticas, frias e silenciosas
Tenho medo por mim
Tenho medo por minhas palavras.

(...)

Da última vez que falei em pedras
Não fui apedrejada
Mas aos poucos quase fui enterrada.

(...)

Não! As pedras não fazem nada!
As pedras são sugestivas lembranças
das destruições e das construções humanas.

Re(parti)da




Esqueci de mim  para viver o ontem
Esqueci de mim  para nascer com o sol
Não sou mais eu
Sou das dores
Sou das entraves
Sou das partidas


Aqui distante das horas
Recolho-me nas cinzas
Agrado-me nas sombras

Eis-me vinda
Vivida em vidas distantes
Eis-me vinda
Vivida em liras constantes.

Passe(ando)


Eu ainda passo pela estrada
Sigo devagar, sigo enfrente
Dos sonhos
Dos anseios

Sou feita desses ares de casa velha
Sou o cheiro da rosa ressecada
Sou farta de pó
Sou ausente de vida

Não sei se me predo ao passado
ou se é o futuro que me enlaça
Sei que não faço presente
Tão pouco presente me encanta

Eu ainda passo pela estrada
Sigo devagar...
Sigo na frente da vida que não vive
por falta de anseios
por medo dos sonhos.