Trazia a luz
antes do dia, era assim meio amena...
Eu era palavra antes de ser pálida.
Eu era céu antes de ser chão
Eu era vida antes da alegria
Cheguei mais leve, toquei a cerca
Eu era casa antes da estrada
Eu era pedra antes do pó
Eu era sol antes da noite
...era assim
meio amena, antes do dia trazia luz.
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
Re(cor)tada
Quando cresci era cedo demais para fiar
Então eu bordava
Bordava a rosa, o céu, a borboleta e em algumas vezes
todo o jardim...
Minhas mãos já eram cansadas, mas meu coração renovado
Meu corpo já era velho, mas minha palavra ainda moça
E foi assim que deixei sem saber a ideia de ser menina
Num destes dias de caramujo
Num destes dias vermelhos sem explicação
Nunca domei ondas, tão pouco nadei
Sou primavera, verão, outono e nunca inverno
Porque no frio a linha lira não aquece.
Eis me aqui por muitas décadas
a menina
a moça
a velha do verso virtual.
Então eu bordava
Bordava a rosa, o céu, a borboleta e em algumas vezes
todo o jardim...
Minhas mãos já eram cansadas, mas meu coração renovado
Meu corpo já era velho, mas minha palavra ainda moça
E foi assim que deixei sem saber a ideia de ser menina
Num destes dias de caramujo
Num destes dias vermelhos sem explicação
Nunca domei ondas, tão pouco nadei
Sou primavera, verão, outono e nunca inverno
Porque no frio a linha lira não aquece.
Eis me aqui por muitas décadas
a menina
a moça
a velha do verso virtual.
Estradas
Estou por meios
Estou nas estradas de chão
Estou no mato aberto
Instâncias para ir além
Estou entre cortes, passos, palavras
Estou entre casas, janelas, telhados
Estou entre outros: assim entre retratos
No começo da vila
No começo do céu
No começo sem fim da simplicidade.
Estou nas estradas de chão
Estou no mato aberto
Instâncias para ir além
Estou entre cortes, passos, palavras
Estou entre casas, janelas, telhados
Estou entre outros: assim entre retratos
No começo da vila
No começo do céu
No começo sem fim da simplicidade.
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
Entre tropas
A vida tropeira
remonta o passado
em trapos, traços e trajetos
A rota de uma roda
O círculo de uma reza
A casa, fascínio colossal
Um jardim de flores e histórias
E aos escravos um descanso de pedras
Os sinos tocavam idas e vindas
Pessoas esperavam a celebração
E a capela santificada de cores
Pintura dos santos em comunhão
O boi carreiro dormia nas sombras
Alimentava-se fartamente
Esperando novas tropas
Mantos e mantimentos
O pouso debaixo das estrelas
O barulho sonoro dos carros
O levante em muitas estradas de chão
Era assim: a vida tropeira
Fazenda Babilônia - Pirenópolis - Goiás
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
Canção da mata
Quero ir mais longe
Distante do passado
Atravessando pedras
Vou me perder nas matas
Entre os olhos do sol
Sou densa cor da vida
Corto histórias e invento outras
Notas que não vão mais tocar
Busco verdade entre as águas
Esqueço palavras
Executo sonhos
E antes do alvorecer... desapareço
No meio das serras
No alto dos céus
Num estado liricamente livre.
Rio Santo Antônio - Cidade de Goiás
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
Nossa Senhora do Rosário
Cerra(do)
Era uma estrada de águas
Pedras de peixes
Uma rua no meio do rio
Lá no alto mar do campo
Ficava lívida, ficava ávida
Era um sol de a(gosto)
Era uma terra de sombras
Um folha no meio da nuvem
Lá na copa das árvores
Era assim
Era simples
Era ser quase esquecendo
Era chão
Era palavra
Era uma vez cerra(do).
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
Ver(des) veredas
Quero cantar veredas, verdes matas goianas
Quero cantar veredas, essa folhas novas
Quero cantar veredas, verdes em mim
Quero ser mais leve
Em tempos de águas mansas
Quero cantar veredas, esse cheiro macio de rio
Quero cantar veredas, alvas em mim
Quero ser mais livre
Em tempos de matas virtuais.
Aragarças - Goiás
Lira
Quero tocar a poeira das almas
Entender melhor os sentimentos das plantas
Essas folhas que o tempo resseca
Trago ares da terra, mansa fala do mato
Sou raiz inerte de um outono tranquilo
Minha luz escorre pelo espaço
Parte presa na cerca vínculo do céu
Sou lua menina das tardes
Namorada de um ser(tão)
Esposa de um ser(arado).
Entender melhor os sentimentos das plantas
Essas folhas que o tempo resseca
Trago ares da terra, mansa fala do mato
Sou raiz inerte de um outono tranquilo
Minha luz escorre pelo espaço
Parte presa na cerca vínculo do céu
Sou lua menina das tardes
Namorada de um ser(tão)
Esposa de um ser(arado).
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
Serra da Mesa
Na estrada densa
um caminho de profunda dor,
Mesmo as pedras
com tanta dureza se cortam
Mas o roteiro
continua fúnebre e inerte
Aqui tudo é
tristeza, sentimento insustentável
Cemitério de
árvores vivas, lutam solenes
Contra a ação
humana de represamento
Serra da mesa,
mundo da pesca aos olhos viajantes
Serra da medo,
mundo da morte aos olhos naturais.
Serra da Mesa - Uruaçu - Goiás
Serra da Mesa - Uruaçu - Goiás
quarta-feira, 8 de agosto de 2012
Coralina
Sou o caminho de pedras, sou a mão marcada e senil
Sou a luz embalada de silêncio, o beco tardio em fim de tarde
Sou irmã das castas janelas que nunca abrem
Sou esse cheiro de mofo que alastra antes das chuvas
Sou as portas esquecidas sem travas
Sou as casas encostadas que escutam mudas
Sou sino que badala sem missa
Sou o olho curioso que vê mas não sabe
Sou a voz precisa que cala mas não entende
Sou a menina da lira que rio já conhece
Sou a moça do verso que a lembrança se perdeu.
domingo, 22 de julho de 2012
Cachoeira das Andorinhas
Ando assim
Ando pelos ares
Ando aos saltos
Ando aos pulos e pelos cachos
Sou mais pássaro
Sou andorinha
Sou eco
Sou pingos de vida
Meu lamento é o fim do tarde
Minha dádiva é o nascer dia
Cachoeira das Andorinhas - Cidade de Goiás
Ando pelos ares
Ando aos saltos
Ando aos pulos e pelos cachos
Sou mais pássaro
Sou andorinha
Sou eco
Sou pingos de vida
Meu lamento é o fim do tarde
Minha dádiva é o nascer dia
Cachoeira das Andorinhas - Cidade de Goiás
Calma água clara
Líquido ávido sol
Clara bela água
Sol, uma clara água
Água, um ávido líquido
Ser efêmera
é ao certo ser fêmea
é ser sol
é ser água
é ser clara.
Clara bela água
Sol, uma clara água
Água, um ávido líquido
Ser efêmera
é ao certo ser fêmea
é ser sol
é ser água
é ser clara.
Cântico da água.
Ainda clara minha fina cascata de água
Somava o raio de um sol triste
Sutil comecei a dançar
Eram gotas
Eram risos
Eram lábios
Eram ventos
Caminhava vaga, límpida
Certa vez tocara o céu
Sem muito tempo
Vaporosa e pálida
Voltei a dançar
Eram ventos
Eram lábios
Eram risos
Eram gotas do rio que chora
Eram murmúrios de uma
Cachoeira.
Trilha do Bom Sucesso - Pirenópolis _ Goiás
Somava o raio de um sol triste
Sutil comecei a dançar
Eram gotas
Eram risos
Eram lábios
Eram ventos
Caminhava vaga, límpida
Certa vez tocara o céu
Sem muito tempo
Vaporosa e pálida
Voltei a dançar
Eram ventos
Eram lábios
Eram risos
Eram gotas do rio que chora
Eram murmúrios de uma
Cachoeira.
Trilha do Bom Sucesso - Pirenópolis _ Goiás
Abraços
Abraço de pedra é assim meio sem jeito
Meio sem rumo, pouca leveza
Desatinado, e acima de tudo frio
Calcificado
Abraço de árvore é assim todo aplumado
Completo em chão, firme em essência
Profunda raiz, e abaixo de tudo o fio
Alucinado
Ser pedra é mais que humano
Ser árvore é mais que natural
Tecer fio
Sentir frio
e a fio o amor de todos nós.
Meio sem rumo, pouca leveza
Desatinado, e acima de tudo frio
Calcificado
Abraço de árvore é assim todo aplumado
Completo em chão, firme em essência
Profunda raiz, e abaixo de tudo o fio
Alucinado
Ser pedra é mais que humano
Ser árvore é mais que natural
Tecer fio
Sentir frio
e a fio o amor de todos nós.
Roseira branca
Quantas saudades habitam o coração de uma rosa?
Por quantas noites dormiremos distantes,
outrora poderia vê-la
Mas sei do tempo certo,
regar tuas folhas e podar teus galhos
Minha eterna roseira branca, que teimas
Que viva, mas clara
Que brilhe mais lira.
Por quantas noites dormiremos distantes,
outrora poderia vê-la
Mas sei do tempo certo,
regar tuas folhas e podar teus galhos
Minha eterna roseira branca, que teimas
Que viva, mas clara
Que brilhe mais lira.
sexta-feira, 1 de junho de 2012
Corumbá
Quero ver a mata e na vasta trilha e dar um salto
Não espalho rimas, sou mais da cor, sou mais da alma
Entre a porta de Bernardo, o escritor goiano, pedras
Pedras raras palavras...
Eis o salto
Eis Corumbá de Goiás
Este é o cerrado riscado pelas águas
Estas são as águas que cantam no meio do salto.
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