segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Ver(des) veredas

 
 
Quero cantar veredas, verdes matas goianas
Quero cantar veredas, essa folhas novas
Quero cantar veredas, verdes em mim
Quero ser mais leve
Em tempos de águas mansas
 

 
Quero cantar veredas, sem saber do tempo
Quero cantar veredas, esse cheiro macio de rio
Quero cantar veredas, alvas em mim
Quero ser mais livre
Em tempos de matas virtuais.


Aragarças - Goiás

Lira

Quero tocar a poeira das almas
Entender melhor os sentimentos das plantas
Essas folhas que o tempo resseca
Trago ares da terra, mansa fala do mato
Sou raiz inerte de um outono tranquilo
Minha luz escorre pelo espaço
Parte presa na cerca vínculo do céu
Sou lua menina das tardes
Namorada de um ser(tão)
Esposa de um ser(arado).

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Serra da Mesa


Na estrada densa um caminho de profunda dor,
Mesmo as pedras com tanta dureza se cortam
Na face da vida assistir a tantas inverdades

Mas  o roteiro continua fúnebre e inerte
Aqui tudo é tristeza, sentimento insustentável
Cemitério de árvores vivas, lutam solenes
Contra a ação humana de represamento

Serra da mesa, mundo da pesca aos olhos viajantes
Serra da medo, mundo da morte aos olhos naturais.


Serra da Mesa - Uruaçu - Goiás

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Coralina


Eu sou este tempo velho que mundo não quer mais.
Sou o caminho de pedras, sou a mão marcada e senil
Sou a luz embalada de silêncio, o beco tardio em fim de tarde



Sou irmã das castas janelas que nunca abrem
Sou esse cheiro de mofo que alastra antes das chuvas
Sou as portas esquecidas sem travas
Sou as casas encostadas que escutam mudas
Sou sino que badala sem missa

Sou o olho curioso que vê mas não sabe
Sou a voz precisa que cala mas não entende
Sou a menina da lira que rio já conhece
Sou a moça do verso que a lembrança se perdeu.